A propósito de mais um documento que me chegou aos olhos através de e-mail, e este já é o segundo, sou forçado a concluir que os defensores do não à despenalização do aborto insistem em deturpar e inquinar a discussão deste tema e persistem em desviarem-no para a defesa da vida humana. Sobre isto, lamento que não levantem também a sua voz e utilizem a mesma dinâmica e a mesma determinação contra as atrocidades cometidas no Iraque, no Afeganistão, no Kosovo e em tantos lugares no mundo onde alguns senhores que pensam ser os donos e policias do planeta tentam à força impor as suas leis e os seus interesses sem preocupações pela vida ou dignidade humanas.
Mas sobre o tema despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, a verdade é que o que está aqui em causa não é a defesa da vida humana, porque nessa luta, estamos em perfeita sintonia. O que está em causa, é antes uma realidade incontornável e uma pergunta pertinente:
O aborto existe, vai continuar a existir e pratica-se clandestinamente em portugal.
Quando uma mulher tem razões válidas para interromper voluntáriamente a gravidez, deve faze-lo clandestinamente ou deve ser incriminada e ir para a cadeia?
É em torno destas questões que se deve fazer sériamente a discussão. Quais os caminhos para evitar que centenas, se não milhares de mulheres, sofram fisica e psicológicamente o drama do aborto clandestino.
Os fundamentos para a actual lei do aborto, não passam de um atestado de menoridade às mulheres, desrespeitam os seus legítimos direitos sobre si e sobre o seu corpo e colocam em causa a sua responsabilidade e a sua capacidade de tomar as decisões, mesmo quando elas se relacionam directamente consigo e com o seu corpo. O estado não tem o direito de impôr às mulheres que tenham filhos que não são desejados nem planeados, porque vai contra o seu direito de maternidade consciente.
Mas partindo do principio de que a Interrupção Voluntária da Gravidez existe e que a lei impede que a mesma seja feita legalmente através do serviço nacional de saúde, inclusive condena criminalmente as mulheres que a pratiquem, estas ficam inevitavelmente expostas a um único caminho, variável apenas em função do seu extrato social:
O aborto clandestino para as classes mais baixas e desfavorecidas, ou o aborto sigiloso no estrangeiro para as classes mais endinheiradas.
Os resultados desta ilegalidade são claros nesta estatística:
o aborto clandestino representa a 2.ª causa de morte materna e a 1.ª entre as adolescentes, Em 2005 uma clínica de Badajoz realizou cerca de 4.000 abortos a mulheres portuguesas.
Se quisermos ser sérios, temos que assumir que a lei actual está ultrapassada e é uma perfeita hipocrísia:
Não evita a prática de abortos.
Tem como resultados práticos a existência de autênticas redes de aborto clandestino com gente que vai ganhando dinheiro à custa da desgraça alheia.
Em muitos casos, devido às más condições em que estes abortos são praticados, as mulheres ficam com traumas psicológicos e deformações nos órgãos genitais e no aparelho reprodutivo para o resto das suas vidas, algumas acabam mesmo por morrer devido a hemorragias e infecções ou por envenenamento com as substâncias ingeridas.
Em alguns casos a lei é cumprida, as supostas infractoras são levados a tribunal e são condenadas. Noutros casos a lei fecha os olhos e ignora a suposta ilegalidade.
Quantas crianças vivem uma vida sem condições humanas minimamente aceitaveis, em que a vida se torna um pesadelo maior que a morte às 10 semanas, apenas porque a Interrupção voluntária da Gravidez é ilegal?
Não somos inocentes e conhecemos perfeitamente (as mulheres em particular) muitas das causas e situações que levam milhares de mulheres a abortar, tenho a certeza que nenhuma delas o decide fazer de ânimo leve e se o faz é porque tem razões para ela incontornáveis, (eu não acredito na mente humana que provoca um aborto apenas porque lhe apetece) e que o facto de ser legal ou ilegal não muda a sua decisão.
Estas realidades não encontram respostas nos argumentos do NÃO. Por isso defenderei activamente a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, pelo direito da mulher poder decidir sobre si e sobre o seu corpo, para que todas as mulheres tenham direito a uma Interrupção Voluntária da Gravidez que lhe garanta as devidas condições de acompanhamento físico e psicológico, para que estas mulheres não sejam mais acusadas de crime apenas por tomarem uma decisão que a elas diz respeito e para que a Interrupção Voluntária da Gravidez com condições não seja um previlégio apenas de uma classe rica que sigilosamente o vai fazer ao estrangeiro.
Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
SIM!!!
No sábado o povo voltou a demonstrar na rua o seu descontentamento com as políticas de direita deste governo PS/Sócrates, foram dezenas de milhar os portugueses que protestaram em todo o país contra o desemprego, contra a degradação da qualidade de vida, contra os ataques ao serviço nacional de saúde através do encerramento das maternidades, dos serviços de urgência, dos centros e extenções de saúde, das valências de saúde pública como é o caso da Vila das Taipas, o aumento das taxas nas consultas, a inclusão de taxas moderadoras nos internamentos, contra o aumento da idade da reforma e a redução das pensões. Foram dezenas de milhar de portugueses que exigiram trabalho com direitos, menos precaridade no emprego e um salário minimo que lhe permita viver com dignidade. Milhares de jovens exigiram um ensino público de qualidade e medidas para combater o desemprego após a licenciatura. Em Braga protestaram também contra o pagamento de portagens na A28 e contra o encerramento do posto de CTT de Gandarela de Basto, imagino o que passarão aquelas populações sem um posto de CTT numa área já de si desprotegida... isto só cabe mesmo na cabeça de ministros que vivem na capital rodeados de tudo e desconhecem as realidades do interior.
Foi um dia de protesto importante e mais um aviso a este governo PS, que insiste em fazer ouvidos de mercador ao descontentamento crescente do povo, por isso...
A LUTA CONTINUA!
Manifestação de Braga
Por esmagadora maioria a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou, dia 8 de Novembro, uma resolução que condena o bloqueio comercial mantido pelos Estados Unidos contra Cuba desde há 48 anos. Trata-se do 15º ano consecutivo em que a Assembleia Geral condena esta agressão contra o povo cubano. Desta vez, Cuba obteve o apoio de 183 países (um mais do que em 2005). De um total de 192, só quatro votaram contra: os Estados Unidos, Israel, Palau e as Ilhas Marshall. Registou-se uma abstenção: a Micronésia. O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, apresentou à Assembleia o projecto de resolução "Necessidade de por fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba". No seu discurso denunciou "A guerra económica desencadeada pelos EUA contra Cuba, a mais prolongada e cruel que já existiu, qualifica-se como um acto de genocídio e constitui uma violação flagrante do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas" e pormenorizou as medidas recentes incorporadas à longa lista de sanções e pressões dos EUA.
Noticia no resistir.info
QUEM FAZ OS EUA CUMPRIR O DIREITO INTERNACIONAL E A CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?
Ao criar este blog, pensei que assim poderia disparatar um pouco por aqui de vez em quando, no entanto, acredito que um blog também pode tornar-se um espaço de intervenção e de partilha de experiências. este blog enquanto espaço público é inevitavelmente indissociável do meu lado mais conhecido publicamente, as minhas convicções politicas, e por isso acredito que por aqui passarão valores firmes, como a solidariedade, a fraternidade e a amizade, tal como serão por aqui reafirmadas lutas e propostas de uma classe de esquerda que resiste e resistirá contra este tipo de sociedade capitalista e egoista.
Faço parte de uma classe de esquerda que luta por uma sociedade mais justa, mais igual e mais solidária, onde a mentira não sirva como argumento para se fabricar uma invasão a um país e uma guerra que mata cerca de 100 pessoas por dia sem que os seus responsáveis sejam levados à justiça.
Uma sociedade onde os crimes contra a humanidade sejam julgados por uma justiça igual e imparcial, independentemente do criminoso se chamar Charles Taylor, Saddam Hussein, Donald Rumsfeld, George W. Bush, Tony Blair ou outro.
Uma sociedade que não permita passivamente que existam 307 milhões de pobres em todo o mundo, que morram 11 milhões de crianças por ano, ou que permita que 800 milhões de pessoas vão diáriamente para a cama com fome, enquanto um país como os EUA se permite gastar até agora, 320 mil milhões de dólares!!!... Com o esforço de guerra no Iraque e mais 117 mil milhões de dólares!!!... Com o esforço de guerra no Afeganistão.
Faço parte de uma classe de esquerda que denuncía e luta diáriamente contra uma politica de favorecimento dos sectores privados e do grande capital, levada à prática por um Partido dito Socialista neste meu pequeno país que se chama Portugal e que ostenta a vergonha de ter entre os seus 10 milhões de habitantes, mais de 2 milhões a viver no limiar da pobreza, enquanto as 100 maiores fortunas nacionais representam só!!! 17% do PIB.
Faço parte de uma classe de esquerda disposta a não se deixar “empurrar” por alguns governantes do poder local para quem a governação se faz através do populismo, do trauliteirismo e do insulto...
Bem... Mas isto era para ser apenas uma nota de apresentação...
Um abraço deste camarada,
Hasta siempre!
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