"Quem luta, nem sempre ganha, mas quem não luta, perde sempre!"

 
Quarta-feira, 30 de Abril de 2008
1º DE MAIO DE LUTA

Comemorado de Norte a Sul o País, o 34º aniversário do 25 de Abril constituiu uma importante jornada de luta. Nela, a política de direita e as suas nefastas consequências foram alvo das críticas de milhares e milhares de homens, mulheres e jovens que reafirmaram a sua disposição de prosseguir o combate por uma política de esquerda – uma política inspirada nos ideais e nas conquistas económicas, sociais, políticas e culturais que transformaram profundamente o nosso País e fizeram da revolução de Abril o mais luminoso momento da história de Portugal. Porque, de facto, foi Abril que ali esteve, não numa perspectiva saudosista ou no cumprimento de qualquer ritual passadista, mas gritando bem alto o que foi e, assim, afirmando-se como projecto pleno de força e de perspectivas.
Manifestações, concentrações, convívios do mais diverso tipo, multiplicaram-se por todo o país, confirmando que Abril está vivo e que os seus ideais permanecem como referência essencial da nossa memória colectiva e como alavanca para a construção do futuro de liberdade, democracia, justiça social, paz e solidariedade a que aspiramos e pelo qual não desistiremos de lutar.

Como habitualmente, também na Assembleia da República a data foi assinalada e o discurso ali proferido pelo Presidente da República mereceu honras de destaque mediático – especialmente pelas preocupações e referências críticas ao facto de parte grande dos jovens portugueses não saberem o que foi o 25 de Abril nem conhecerem o significado que esse acontecimento teve para Portugal.
Sendo de sublinhar a relevância das preocupações expressas e a justeza da crítica produzida pelo Presidente da República, não é, contudo, aceitável a generalização a que procede focalizando as responsabilidades «na classe política» e «nos partidos» - porque, como é sabido, nem toda «a classe política» nem todos «os partidos» são responsáveis por esse desconhecimento. No que aos comunistas e ao seu Partido diz respeito, por exemplo, a crítica é totalmente desprovida de fundamento e de sentido, como a realidade mostra, de forma inequívoca, 365 dias por ano.
Acresce que ao Professor Cavaco Silva carece autoridade moral para produzir tal crítica, na medida em que, como todos sabemos, nos dez longos anos em que foi primeiro-ministro nada fez para dar a conhecer o 25 de Abril aos jovens: bem pelo contrário, tudo fez para apagar os sinais de Abril da sociedade portuguesa, tudo fez para que os jovens portugueses desprezassem os valores e os ideais de Abril e assimilassem os anti-valores do egoísmo, do salve-se quem puder, do vale-tudo para a promoção individual.
E com algum êxito, lamente-se… mas também com forte inêxito, como o confirmam os muitos milhares de jovens que todos os anos - e este ano, de forma ainda mais expressiva - participaram nas comemorações.
Sublinhe-se, então, em nome do rigor, que uma pessoa que tão assanhadamente combateu Abril lançando destruidores ataques às nacionalizações, à Reforma Agrária, aos direitos dos trabalhadores, à Constituição da República Portuguesa – uma pessoa que, ainda por cima, nunca ninguém viu com um cravo de Abril ao peito ou na mão… - não reúne as condições mínimas para explicar Abril e o seu significado seja a quem for – e também não está nas melhores condições para criticar seja quem for nessa matéria.
A não ser que o discurso do Presidente da República no Parlamento signifique uma mudança de rumo do seu pensamento em relação a Abril – o que seria motivo, aí sim, para nos congratularmos.

As comemorações de Abril confirmaram as perspectivas de um grande 1º de Maio – o que constitui um dado de enorme relevância na situação nacional.
Com efeito, não são necessárias grandes análises, nem o recurso a estudos encomendados a empresas especializadas, para sabermos que os trabalhadores portugueses farão do próximo 1º de Maio uma forte jornada de luta na qual trarão à rua os seus protestos, as suas exigências e a afirmação da sua determinação de prosseguir a luta até esses protestos serem ouvidos e essas exigências terem a justa e necessária resposta.
Sabemos que o ano que passou – no qual ocorreu o maior número de grandes lutas de massas dos últimos trinta e dois anos – tem tido a sua continuidade nas importantes jornadas de luta já concretizadas nos primeiros meses deste ano – designadamente as grandiosas manifestações de 16 e 17 de Abril. Sabemos da crescente participação de trabalhadores nessas lutas e do seu alargamento a todas as áreas de actividade nos sectores público e privado. Sabemos, porque estamos lá, que a luta vai continuar, em força.
E tudo isso é caminho para um forte 1º de Maio, para uma massiva participação nas dezenas de manifestações e concentrações convocadas pela CGTP-IN para todo o país e nas quais será comemorado o Dia do Trabalhador. Comemorado em luta, naturalmente. Mais em luta, até, do que em festa, neste ano em que tantos e tão graves ataques têm vindo a ser desferidos pelo Governo PS/José Sócrates contra os trabalhadores portugueses e as suas condições de trabalho e de vida; neste ano em que, a par dessa política anti-laboral, o Governo tenta liquidar tudo o que resta de Abril na Educação e na Saúde - neste ano e com este Governo cada vez mais ao serviço dos interesses do grande capital e, em consequência disso, penalizando crescentemente quem trabalha e vive do seu trabalho.
Vai ser de luta, portanto, este 1º de Maio.
Uma luta que sendo pela defesa dos direitos dos trabalhadores é, por isso mesmo, uma luta por Abril.

Editorial do jornal Avante! de 30-04-08



publicado por vermelho vivo às 23:58
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A crise Alimentar

"Os países desenvolvidos propõem destinar cada vez mais alimentos à produção de combustíveis em um mundo no qual vivem 850 milhões de famintos."

Carlos Lage, vice-presidente de Cuba

 

"É um massacre dos pobres do mundo. O problema não é a produção de alimentos. É o modelo económico, social e político do mundo. O modelo capitalista está em crise".

Hugo Chávez, presidente da Venezuela



publicado por vermelho vivo às 20:00
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Segunda-feira, 28 de Abril de 2008
Entre azías e incómodos

A minha paixão pelo Vitória advém da minha paixão pela minha cidade, pela sua história e pelas suas gentes. Ou seja, deste meu orgulho de ser vimaranense e como é óbvio, também pelo gosto do futebol jogado dentro das quatro linhas.

Não sou adepto nem apaixonado do futebol enquanto fenómeno em si e alienador de massas. Penso que existem coisas mais importantes na vida e motivos muito mais válidos para dispender energias do que o futebol, que além de outras coisas é zona de muita podridão e sujidade. Muitas vezes dou comigo a pensar como seria extraordinário que esta mobilização e esta disponibilidade para o futebol, pudessem acontecer também por outras causas muito mais essenciais para a vida das pessoas...

Mas nem só de pão vive o homem e a verdade é que também sou um apaixonado pelo Vitória e hoje apetece-me falar de futebol.

Tudo porque nos últimos tempos se tem assistido a declarações e insinuações, algumas até  com pedidos de intervenção da PJ, que directa ou indirectamente também visam o vitória e pôem em causa o seu mérito próprio no excelente campeonato que está a realizar, criando inclusive a ideia na opinião pública desportiva mais desatenta de que o Vitória tem sido levado ao colo pelas arbitragens.

Neste país desportivo, parece que a intromissão de um clube não habitual entre o feudo dos chamados grandes incomoda muita gente.
Para que a mentira - muitas vezes repetida - não pareça verdade, vale a pena rebobinar o filme de alguns jogos deste campeonato:

Vitória 1 - 1 Setúbal: Se é verdade que o primeiro golo foi obtido em off-side, também é verdade que poucos minutos depois o Vitória marcou um segundo golo legalíssimo que foi anulado só o árbitro saberá porquê.

Sporting 3 - 0 Vitória: O primeiro golo do sporting é obtido a meio da segunda parte, na sequência de duas faltas seguidas e claríssimas sobre um jogador do Vitória e a um metro do árbitro. Abriu-se assim o caminho que o Sporting não encontrava para chegar ao triunfo.

Vitória 0 - 0 Paços de Ferreira: Um penalty claríssimo ficou por marcar aos 84 minutos de jogo, com duas faltas simultâneas que podem ser vistas aqui.

Boavista 3 - 2 Vitória: O Vitória foi alvo de uma arbitragem escandalosa onde entre outras coisas, ficaram por assinalar 2 (dois!!!) Penaltys a favor do Vitória.

Vitória 2 - 1 Académica: Além de o Vitória ter ganho, neste jogo ficou por assinalar um penalty por derrube a Ghilas, para além de uns quantos off-sides por assinalar ao ataque da Académica.

Vitória 1 - 3 Benfica: Muito se falou no injusto cartão amarelo mostrado a Rui Costa. Não se disse que o primeiro golo do Benfica logo aos 7 minutos - e que condicionou o resto do jogo - surgiu de um livre directo à entrada da área, que nunca existiu.

Vitória 1 - 0 Boavista: Ficou ainda um penalty por marcar a favor do Vitória e Flávio Meireles, jogador quase imprescindível nesta equipa, viu um cartão amarelo incompreensivel após ter sido agredido por um jogador do Boavista. Este cartão impediu-o de defrontar a Académica.

Académica 0 - 0 Vitória: Ficou por marcar um penalty por atropelamento claro a Gilas na grande área da académica e ficou por expulsar um jogador da Académica por agressão a Miljan.

Com os pontos perdidos com estas arbitragens onde estaria o Vitória? Mesmo assim, não nos queixamos de nada, continuamos isso sim, a lutar dentro do campo e conseguimos chegar ao 2.º lugar. 

Assim chegamos ao dia de ontem.

Vitória 0 - 5 Porto: A superioridade do Porto foi indiscutível o triunfo seria o desfecho lógico deste jogo. Mesmo assim, convém não esquecer que o primeiro golo resulta de uma falta inexistente, que inclusive o fiscal de linha em cima do lance não assinala e o árbitro do conseguiu descortinar a partir do meio campo. No segundo golo, Quaresma está em posição de off-side. A partir daqui o Vitória balanceou-se para a frente e o que se seguiu pouca importância teve.

O Porto com os seus 24 pontos de avanço não precisa de ajudas. A quem servia este tipo de arbitragem?

Curiosamente à noite, o Sporting perdia por 1-0 com o Marítimo e viu cair-lhe do céu um penalty que além do árbitro mais ninguém viu.
O que foi que disse o Paulinho Bento?...

Onde estão os arautos da verdade desportiva - comunicação social incluida - e da imparcialidade das arbitragens?

E onde estavam estes arautos da verdade quando à dois anos o Vitória foi "roubado" ao longo de quase toda a época, só terminando os "roubos" quando a descida de divisão já era quase inevitável?

O Vitória desceu de divisão devido aos empurrões de que foi alvo, levantou-se, recompôs-se e está aí mais forte e ambicioso que nunca. Quantos clubes neste país podem gabar-se de tal? E quantos clubes neste país é que serão capazes do mesmo se descerem de divisão?
Pelos vistos, o que devia ser um exemplo para o futebol português, está a assustar muita gente.

É verdade que os árbitros já erraram a favor do Vitória, tal como é verdade que já o prejudicaram várias vezes.

Mas este futebol português é enorme na sua pequenez e mesquinhez. Tentar encontrar desculpas para o fracasso e a mediocridade reinante nos clubes grandes da capital através de argumentos mentirosos e desrespeitosos para com um clube com a dignidade do Vitória, é uma enorme demonstração de pequenez.
É por isso que além do porto, as outras equipas portuguesas não passam de "pobres coitados" nas provas europeias. É que lá não há sistema, como tal também não adiantam as pressões para delas tentar tirar dividendos.
Em futebol jogado, o Benfica e o Sporting estão a léguas do Vitória. Depois do Porto que é efectivamente uma equipa de outro patamar e foi de longe a melhor equipa do campeonato, o Vitória jogou regularmente o melhor futebol que se viu pelos estádios portugueses e é por isso que está no lugar que está.

Esta mediocridade estende-se também à maior parte da comunicação social desportiva. O Vitória anda à umas semanas no 2.º Lugar da classificação, quem lê os jornais desportivos não consegue perceber isso. O assunto e o interesse para os escribas da capital está em saber quem vai conseguir chegar ao 2.º Lugar, se o Benfica, se o Sporting, como se o lugar não estivesse já justamente ocupado e inevitávelmente a um dos dois caberá. Hoje os jornais da capital rejubilam. O Sporting já está em segundo! Esqueceram-se de sublinhar que tal se deveu às mentiras ocorridas na jornada de ontem.

Os que estes paspalhos mereciam é que a venda dos seus jornais fosse boicotada nesta cidade para começarem a olhar a realidade de frente.

Finalmente, descansem os adeptos do Benfica e do Sporting que o sistema tudo fará para os colocar nos lugares de acesso à champions. Vai ser assim porque sempre assim foi e assim continua a ser.

A menos que...
Se não houverem os habituais arranjos e houver justiça, aí sim, acredito que o Vitória qualificar-se-á para a champions mesmo com o incómodo e a azia de muita gente ligada ao fenómeno futebolístico.



publicado por vermelho vivo às 23:33
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Domingo, 27 de Abril de 2008
Bella Ciao

Bella Ciao é uma canção tradicional da resistência italiana contra o fascismo e o nazismo durante a 2.ª guerra mundial. Desde aí, foram compostas inúmeras versões por  vários cantores e grupos de várias nacionalidades.

No entanto, Bella Ciao ficou para sempre como um simbolo de luta e resistência.

Hoje vivemos novamente tempos de luta e resistência. Contra a globalização. Contra o expansionismo imperialista traduzido em guerras, agressões e ingerências à soberania dos países. Contra o capitalismo e contra a sociedade desigual que este sistema quer forçosamente impôr-nos com uma distribuição da riqueza que produz uma pequena minoria milionária e uma maioria de muitos milhões de pobres, um sistema que tem na sua essência o velho modelo de exploradores e explorados.

Porque o tempo é de luta e resistência, aqui fica uma bonita versão de Bella Ciao pelos Modena City Ramblers.

 



publicado por vermelho vivo às 13:29
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Sábado, 26 de Abril de 2008
Onde estavas no 25 de Novembro?

Otelo Saraiva de Carvalho, disse um dia que podia ter sido o Fidel Castro Português.

Considerava ele que chegou a ser o homem com mais poder em Portugal. Era o comandante da força militar mais bem preparada e de maior capacidade operacional em Portugal após o 25 de Abril, o COPCON, e era portador de um apoio generalizado por ter sido o grande estratega da revolução que derrubou a ditadura.

Passados 34 anos, por aqui ficamos a saber que actualmente Otelo Saraiva de Carvalho concorda com as preocupações de Cavaco Silva, acerca da falta de conhecimento dos jovens sobre do 25 de Abril e afirma:

«é lamentável que não tenhamos sido capazes de transmitir às gerações vindouras o que foi o 25 de Abril. É pena que a juventude hoje não tenha essa noção de que o 25 de Abril constitui o acontecimento mais notável da história portuguesa do século XX.»

Valia a pena perguntar-lhe:

E o que andava o Otelo a fazer com todo o poder que detinha nessa altura, com essa força operacional e esse apoio generalizado, enquanto a direita colocava em marcha a contra-revolução que viria a culminar com o 25 de Novembro. Com este golpe contra-revolucionário, uma parte importante do 25 de Abril foi aniquilada e deu-se inicio à contra-revolução subtilmente encapotada de democracia que conduziu Portugal até ao estado lastimoso em que se encontra hoje e à triste conclusão a que chegaram Otelo e o Presidente da República.

Onde estavas tu Otelo, enquanto a contra-revolução avançava? Preocupado em assegurar que os Comunistas não teriam acesso ao poder?  Pois...



publicado por vermelho vivo às 23:21
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Lágrimas de crocodilo...

O nosso Presidente da República, mostrou-se impressionado com a ignorância dos jovens relativamente ao que foi e o que significa o 25 de Abril, tal como a desilusão e afastamento da política por parte desses mesmo jovens, conclusões estas, retiradas de um estudo encomendado por Belém.

O Presidente da República necessitou de um estudo para descobrir aquilo que todos nós já sabiamos à muito, ou pior que isso, aquilo que nós sabiamos ser uma inevitabilidade perante as políticas praticadas pelos partidos que tem governado Portugal ao longo dos últimos 32 anos, nomeadamente na área educativa.

Eu que não tenho meios para mandar fazer estudos, não conhecia este do Presidente da República, e até sou bastante mais novo que ele, tenho abordado esta questão em várias situações nestes últimos anos, a última das quais, numa coluna do jornal Reflexo Digital.

Mas as palavras do Presidente da República merecem uma outra análise.

Mostrar-se impressionado e dizê-lo no discurso do 25 de Abril, é bonito e fica-lhe bem mas... só por si não muda rigorosamente nada.
É preciso também explicar como e porquê chegamos até aqui. Facilmente constatamos que por trás desta realidade estão os 32 anos de politicas delineadas pelo PSD/CDS/PP e PS, ora sózinhos, ora coligados.
Assim, e numa abordagem resumida constatamos que:
1.º - Estes partidos, PSD/CDS/PP/PS, têm promovido programas de ensino onde a valorização deste acontecimento maior para a liberdade, a democracia, o progresso, o desenvolvimento e a soberania nacionais, têm sido simplesmente esquecido, tal como a promoção da participação cívica. Têm levado a cabo grandiosas ofensivas contra o que de mais importante foi conquistado pela Revolução dos Cravos, consolidado pela luta do povo e consagrado na Constituição da República de 1976.
Estes partidos, com os exemplos de corrupção, compadrios, jogos de interesse e desonestidade política que teimam em dar aos cidadãos, que durante as campanhas eleitorais prometem, prometem, e quando chegam ao poder praticam o contrário do que prometeram, promovem esse desinteresse e afastamento.
Ao longo de 32 anos o PSD/CDS/PP e PS têm premeditadamente usado instrumentos para afastar os portugueses das decisões e da participação cidadã que Abril preconizou, arquitectando desta forma a estratégia de poderem decidir sem obstáculos, sózinhos e segundo os seus interesses - que têm sido os interesses do capital.

2.º - Cavaco Silva foi primeiro-ministro do Portugal durante 10 anos, os programos educativos do seu governo omitiram a importância deste acontecimento, tal como o fizeram os seus antecessores e depois os seus sucessores. As políticas educativas dos seus governos foram tão acertadas que deram origem à chamada “geração rasca”.
Cavaco Silva com a sua famosa tese de que Portugal corria no pelotão da frente da europa promoveu uma sociedade egoista, de competição pessoal e económica onde os valores e ideais eram letra morta. Através da mesma tese, lançou várias ofensivas contra muitas das conquistas dos trabalhadores e do povo adquiridas precisamente com o 25 de abril.
Cavaco Silva não está isento de responsabilidade nesta matéria, bem pelo contrário, tem culpas e muitas.

Mais recentemente, o Presidente da República Cavaco Silva, o mesmo que se pronunciou preocupado, foi protagonista de episódios que contribuem fortemente para as conclusões desse estudo:

Na sua visita à Madeira, Cavaco Silva pactuou com os desvarios de Alberto João Jardim, entre os quais a não realização de uma sessão solene na parlamento madeirense ou insultos desmedidos e desrespeitosos para com os deputados da oposição democráticamente eleitos pelo povo madeirense. Cavaco Silva primou pelo silêncio cúmplice, o sorriso amarelo e grandes elogios ao seu amigo Alberto João, quando nós sabemos, e os madeirenses sabem melhor ainda, como é exercida a democracia ou o jogo de interesses na Madeira.

O Presidente da República Cavaco Silva, apoiou um dos maiores atentados à credibilidade política, à democracia e à participação dos cidadãos na vida pública e nas decisões que a eles afectam como foi o caso da rectificação do tratado de Lisboa pelo parlamento, arredando o povo português da sua discussão e aprovação e subjugando Portugal aos interesses dos países europeus mais poderosos.

Não basta chorar lágrimas de crocodilo. O Presidente da República ao invés de se impressionar e “botar discurso” também tem que assumir as suas responsabilidades e contribuir com mais acção e menos palavras para que seja possível alterar as conclusões que aparecem no estudo.

Finalmente, Cavaco Silva concluiu que a culpa é dos partidos políticos, sim, os partidos porque ele, mesmo com o descrito acima, não se vê como culpado.

O Presidente da República Cavaco Silva não foi honesto nas suas conclusões e sabe bem que não foi.
Uma das provas desta mentira - e esta é apenas uma de muitas - foi dada ontem. O PCP promoveu por todo o país comemorações do 25 de Abril com festas, marchas, jantares e outras iniciativas. Em grande parte das autarquias presididas pela CDU, realizaram-se iniciativas comemorativas, entre elas várias sessões temáticas sobre o que foi e o que significa o 25 de Abril.
Mas o Presidente da República culpou os partidos políticos - supostamente todos. Pois se queria arriscar culpados, também devia ter tido a frontalidade de chamar os bois pelos nomes e ter referido o PSD, o PP e o PS, além da sua mea culpa como é óbvio.

É verdade que a liberdade, a democracia e os direitos de participação civica, têm sido vilipendiados, mal tratados e em muitos casos até eliminados. É verdade que esta realidade afasta os jovens da política e do exercício de cidadania. É verdade que o 25 de Abril, o seu significado e os seus ideais estão cada vez mais mais esquecidos. É verdade que esta realidade tem responsáveis

O Presidente da República Cavaco Silva, não foi honesto ao meter todos os partidos no mesmo saco e sabe bem porque o fez. Mas nós também sabemos, algumas das razões até estão aqui neste “post”.

Termino com um conselho da minha humilde pessoa ao Exmo. Sr. Presidente da República:

No seu Artigo 2.º, a Constituição da República diz o seguinte:

(Estado de direito democrático)

“A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.”

Sr. Presidente, faça cumprir este artigo!

Talvez possa começar por aí a legitimar o discurso de ontem na Assembleia da República.



publicado por vermelho vivo às 16:19
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008
25 de Abril sempre!

Celebrar o 25 de Abril é reafirmar os valores e ideais de liberdade, solidariedade, igualdade e fraternidade, justiça, progresso e desenvolvimento. Foram estes os valores e ideais que nortearam a Revolução dos Cravos foram estes os valores e ideais a que Abril abriu as portas.

34 anos depois, podemos dizer que muita coisa foi alcançada mas também é inquestionável que quase tudo o que foi conquistado com a madrugada libertadora de 25 de Abril tem vindo a ser alvo de ataques e delapidações pelos governos de direita que governam este país à 32 anos.

Os grandes grupos económicos e financeiros recontituiram-se e com eles a exploração dos trabalhadores; os trabalhadores têm perdido inumeros direitos e conquistas; os salários são cada vez mais pequenos em comparação com o custo de vida que é cada vez mais alto; o trabalho precário e o desemprego atingem números catastróficos; um milhão e oitocentos mil portugueses são pobres; a saúde é cada vez menos um direito acessível ao cidadão comum devido à destruição do SNS e a entrega dos serviços de saúde aos grupos privados, com graves prejuizos para os cidadãos, principalmente os mais desfavorecidos; a justiça além de lenta é carissima, o que impede aqueles que tem menos posses de a ela recorrerem; a educação anda pelas ruas da amargura; Portugal é hoje um país profundamente desigual socialmente; a liberdade tem sido mutilada constantemente com casos inexplicáveis que vão desde a polícia nas sedes dos sindicatos até aos casos de bufaria dentro dos serviços públicos; a democracia têm sido constantemente atropelada, sendo o exemplo mais recente o de ontem com a aprovação do tratado europeu no parlamento, de costas viradas para os portugueses e ludibriando o povo e as promessas feitas anteriormente.

34 anos depois, são muitas as razões para estarmos preocupados.

34 anos depois, são cada vez mais as razões para lutar e defender Abril, os seus valores e ideais e as suas conquistas.

Celebremos com festa e alegria o 25 de Abril, porque um dia tão bonito e importante só pode ser dia de festa e alegria, mas não nos deixemos distrair na festa porque a hora também é de luta. E é de luta exactamente em defesa desse Abril que celebramos.



publicado por vermelho vivo às 02:11
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25 de Abril em Braga

"Mais do que de celebração, são de luta as manifestações do 25 de Abril que amanhã têm lugar por todo o País. O crescente número de forças sociais e políticas a reconhecer que Portugal está hoje mais desigual, mais injusto, mais dependente e menos democrático confirma o que há muito o PCP vem afirmando: as conquistas democráticas alcançadas com o processo revolucionário têm vindo a ser delapidadas pela contra-revolução nos últimos 32 anos, pelo que importa mobilizar esforços na sua defesa."

in: Avante!

 

 

A DORB do PCP, organiza hoje, dia 25 de Abril, durante a tarde, uma festa e desfile em Braga. 

 

Pela defesa de Abril, associa-te e participa nesta iniciativa!



publicado por vermelho vivo às 01:47
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Quinta-feira, 24 de Abril de 2008
24 de Abril de 1974

34 anos depois...

Era uma vez um país chamado Portugal que no dia 24 de Abril de 1974, vivia sob uma ditadura fascista e obscurantista, opressiva e repressiva. Não havia liberdade de expressão, a censura impunha o que a imprensa podia ou não publicar.

A PIDE exercia a sua lei sem dó nem piedade. As cadeias de Peniche, Caxias, Custóias, entre outras, estavam cheias de homens que cometiam o crime de se oporem ao regime fascista vigente e lutarem corajosamente pela sua liberdade e do seu povo. Estes presos eram submetidos a interrogatórios com métodos desumanos, espancamentos, torturas psicológicas, isolamentos...

Os caciques locais amigos do regime, eram os senhores poderosos, os "bufos" faziam carreira. Os cidadãos não podiam dizer o que queriam ou o que pensavam livremente sob pena de alguns destes "bufos" os ouvirem e denunciarem.

O regime apostava na ignorância do povo. Os niveis de analfabetismo e iliteracia eram enormes.

Recordo-me do que me dizia o meu pai: "Para o ditador de Santa Combadão, quanto mais burro fosse o povo, mais fácil era de dominar."

A sociedade estava dividida em dois patamares. Os senhores do regime e os seus amigos num lado, e o povo que era explorado e amordaçado no outro.

Este regime mantinha uma guerra ultramarina estúpida e sem sentido que, além de obrigar os seus jovens a combaterem, morrerem e adquirirem traumas para o resto das suas vidas, negava o direito de auto-determinação e soberania aos povos africanos, mantendo as colónias sob um domínio exercido pela força.

A Igreja colaborava com o regime, branqueava e abençoava todas as atrocidades e atropelos à dignidade humana que se abatiam sobre este povo e apoiava a guerra estúdida e sem sentido que se travava em África.

Ou seja, em 24 de Abril de 1974, Portugal através de uma santa aliança entre a igreja e o fascismo, vivia debaixo de uma ditadura fascista que se sustentava através da miséria, da ignorância, da opressão e da repressão. Tinha como intrumento de controle, segurança e manutenção deste status, a PIDE.

Mas na noite de 24 para 25 de Abril, tudo se alterou.

Na noite de 24 de Abril de 1974, pelas 22,55 horas,  é transmitida a canção " E depois do Adeus ", pelos Emissores Associados de Lisboa.

Esta senha dava ínicio às operações militares contra o regime de ditadura fascista em vigor há 48 anos.

Pelas 00,20 horas do dia 25 de Abril, a canção "Grândola Vila Morena" de José Afonso, é transmitida no programa "Limite" da Rádio Renancença.

A transmissão desta canção é a senha indicadora de que as operações militares já estão em marcha e são irreversíveis.

Estava em curso a Revolução que derrubaria a ditadura fascista que acorrentou e reprimiu o povo português durante 48 longos e negros anos.

 



publicado por vermelho vivo às 18:29
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Segunda-feira, 21 de Abril de 2008
Se houver inferno...

Morreu o Cónego Melo!

Alguns chamar-me-ão insolente, outros insensível, leviano e por ai adiante, outros chamar-me-ão nomes ainda mais feios. O que não me chamarão é hipócrita. Esse defeito ou virtude não faz parte das minhas características.

Isto para dizer que sempre que ouvia falar ou lia o nome do Cónego Melo, assaltava-me sempre à memória o Movimento Maria da Fonte, o ELP ou o MDLP e com ele os grandes amigos e companheiros do Cónego nas lides bombistas, Alpoim Calvão, Paradela de Abreu, Joaquim Ferreira Torres, Barbieri Cardoso... Depois de aqui chegado, inevitávelmente a memória conduzia-me aos crimes por eles perpretados ao tiro e à bomba. Eles, destruíram à bomba e incendiaram dezenas de centros de trabalho do PCP e sedes de sindicatos, perseguiram pessoas pelo delito de serem politicamente de esquerda. Só entre Maio e Agosto de 1975, estes senhores, com o Cónego Melo incluído como mentor e responsável, levaram a cabo 105 assaltos, 34 atentados à bomba, 20 incêndios provocados, 5 apedrejamentos e 3 atentados a tiro. O PCP foi a vítima principal de mais de 100 destas acções terroristas.

Sempre que ouvia falar do Cónego Melo, inevitávelmente lembrava-me do assassinato do Padre Max e da sua companheira de viagem no nojento atentado à bomba na Cumieira em Abril de 1976.

O Cónego Melo também era sobejamente conhecido aqui pelo Minho pelo seu controle e influência em várias instituições e associações minhotas, daí resultando uma enorme manipulação em tachos, arranginhos e outras coisas que tais...

O que eu quero dizer é que não tenho estofo para ser hipócrita e a opinião que dele sempre tive em vivo, é exactamente a mesma que mantenho após a sua morte.

A morte não apaga da memória colectiva a sua responsabilidade nos crimes acima citados e em muitos outros que aconteceram.

Recorrendo à doutrina católica e à existência do céu e inferno, direi mesmo que o Cónego Melo tem reservado para si um lugar bem no meio do inferno pois é para lá que vão os criminosos.



publicado por vermelho vivo às 00:41
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