"Quem luta, nem sempre ganha, mas quem não luta, perde sempre!"

 
Terça-feira, 19 de Junho de 2007
Debates na blogosfera

A blogosfera também é isto. A discussão. O debate de ideias. A diferença de opinião.

O blog colectivo Pasquim do Povo, publicou um artigo que eu considero de tendencioso e profundamente injusto para com os sindicatos.

Pedi o direito de resposta que me foi concedido e publicado.

Aproveitando a deixa e prolongando o debate, convido os leitores que vão passando por este blog a emitirem também a sua livre opinião sobre os sindicatos, sindicalistas e o seu papel no mundo laboral.

 

Aqui fica o artigo e a resposta:

Será que os Sindicatos cumprem a sua missão?

Um artigo de XRéis

Depois de ter lido o post do Zé Povinho pareceu-me oportuno dizer de minha justiça sobre um caso que conheço muito bem.
Há vários anos que conheço dois funcionários públicos, que além de colegas de profissão se podem considerar companheiros na desgraça ou melhor na saga dos problemas relacionados com as promoções na função pública e digo isto porque todo o seu percurso desde 1987 tem sido idêntico e com alguns episódios dignos de registo.
Entraram para a função pública em 1987,em 1990 através de concurso público interno entre todos os funcionários públicos passaram para a carreira de técnicos auxiliares, carreira essa que se iniciava com um ano de estágio. Pois aqui começa uma longa história esse ano de estágio prolongou-se até 1992, só nessa altura foram nomeados técnicos auxiliares de 2ª classe, num quadro que se dizia circular, penso ser esta a terminologia utilizada pois todos os funcionários subiam na categoria mediante abertura de concurso interno após 3 anos de serviço com a classificação mínima de bom. No caso destes dois colegas embora com classificação de Muito Bom , passaram a técnicos de 1ª classe em 1996. Em 2000, passados quatro anos e não três passaram a técnicos principais, em 2003, deveria ter sido aberto concurso para técnicos especialistas, o concurso foi pedido para o Instituto do qual são dependentes, a resposta a essa abertura de concurso vem com a justificação de falta de verba no orçamento… aí e com alguma confiança os colegas dirigiram-se ao sindicato para saber o que fazer…Acreditem ou não mas a respostas foram de tal forma desanimadoras, que acabaram por desistir e ainda hoje estão há espera da promoção para técnicos especialistas estamos no ano de 2007, já decorreu uma parte do concurso foi-lhe atribuída uma classificação, mas a nomeação nunca foi feita.
De salientar ainda que o sindicato esteve a par da situação e de tudo o que esteve por detrás da suposta falta de verba e nada fez.
Também estou em condições de dizer que hoje apenas dois funcionários do quadro desta Instituição não estão em condições de ser promovidos uns aguardam como os colegas 7 anos outros 8, outros 6 e ai por diante nenhum com menos de 4 anos de espera, pela dita promoção que não chega.

E os sindicatos onde estiveram? O que fizeram? Por desconhecimento não foi por certo, pois não só pelo facto de em 2003 os colegas terem denunciado a situação, mas por um dos funcionários que hoje aguarda promoção fazer parte dos corpos dirigentes do sindicato.
Agora digam lá que sindicato nos defende?
Quem luta pelos direitos dos trabalhadores?
Sãos que marcam greves junto aos fins de semana para aliciar os funcionários a faltar?
Quem realmente se importa em ir ao terreno ?
Não está na hora de se repensar um pouco a política sindical ?
Segundo o Zé Povinho: “A inovação e a modernidade do acordo são uma patranha que convence apenas quem quiser ser convencido, de que existe um pote cheio de moedas de ouro no fim do arco-íris.”

 

 

Direito de Resposta

Artigo da autoria de Vermelho Vivo

 

Sobre o artigo “Será que os Sindicatos cumprem a sua missão?” e os comentários inseridos, gostaria de dizer o seguinte:

Cabe-me reconhecer que estava enganado quanto ao sindicato em causa. Mas antes da possível razão de uma parte da questão que XRéis explana, coloco 2 Pontos prévios:

1.º - Todas as instituições ou outros que dependam da componente humana são susceptíveis de falhas e de maus procedimentos, não fazendo isso, e como é óbvio, que se possa generalizar devido a algumas situações decorrentes desta condição.

2.º - Incomoda-me a facilidade e leviandade com que demasiada gente dispara contra os sindicatos e sindicalistas, acusando-os de corporativismos e inclusive de se governarem por lá. A muitos desses, não lhes vejo é coragem para se tornarem sindicalistas ou delegados nas suas empresas. Porquê?

Por uma razões muito simples:

Porque é muito mais cómodo não arriscar um “peleiro” que seja da sua boa posição profissional.

E depois, o sindicalismo exige trabalho, e dedicação. e isso…

“é que eu não tenho muito tempo”. Dizem muitos deles.

Pois… nem eu!

Mais! Se a muitos dos críticos lhes exigissem que fizessem melhor, talvez tivessem uma enorme surpresa.

Para ser critico do que não tenho nem quero ter responsabilidade, também eu sou um Ás! E então se for para destruir, sou imbatível!

Mas a verdade é que muitos dos críticos nem sequer são sindicalizados, não se inibindo no entanto de falar de boca cheia e cheios de legitimidade e razão.

E quando os Sindicatos marcam jornadas de luta?
Bem… é aquilo que se vê.

Mas uma coisa é inquestionável. Os Sindicatos tem órgãos democráticos de eleição, nenhum trabalhador está impedido de se candidatar numa lista para a direcção do seu sector.

Eu sei… Eu sei… É muito mais fácil estar sentado no sofá ou em frente ao computador e depois avaliar e criticar os outros, aqueles que trabalham, aqueles que lutam, aqueles que dão a cara nas empresas, aqueles que põem em causa o seu posto de trabalho, a sua promoção na carreira, etc. etc.

Por isso, sejamos honestos intelectualmente e antes de criticar os outros perguntemos a nós próprios o que já fizemos mais que eles, ou, o que contribuímos para que a situação fosse diferente.

 

Relativamente ao comentário por mim inserido.
Embora mantenha a essência do pensamento, de que muitas das acusações que se fazem sobre o sindicalismo, são injustas. Considero que existem dois tipos de sindicalismo em Portugal. E quando se fala de sindicalismo, deve fazer-se a devida distinção entre a actuação dos pseudo-sindicatos da UGT e os sindicatos da CGTP-IN. Veja-se o acordo alcançado pelo governo com a FESAP e que foi uma grande traição aos trabalhadores da função pública. Mas é preciso que se separe o trigo do joio e se diga que a FESAP pertence á UGT que nada fez até hoje pelos trabalhadores a não ser tentar dividi-los. E que os sindicatos afectos à CGTP-IN recusaram assinar o acordo que vai prejudicar gravemente os trabalhadores. Não pode é a CGTP-IN ser culpada da traição da FESAP que se limitou a fazer uma grande fretada ao Sr. Sócrates.
Esta prática das fretadas aos governos PS já vem de longe e são prática corrente nos sindicatos afectos à UGT. E não me façam falar no Sr. Torres Couto!

Quanto ao caso apresentado, e realçando que uma ou outra situação não faz a generalidade das actuações. Reconheço, pelo que se expõe, que possa não ter existido a melhor conduta por parte do sindicato em causa.

 

Como nota de informação, acrescento apenas que o sindicato em causa é o Sindicato da Função Pública Sul e Açores.

 

Sobre sindicalismo existem ainda neste blog os seguintes artigos:

João Proença e a UGT

A UGT e os trabalhadores

 

Pois façam o favor de dizer também de vossa justiça!



publicado por vermelho vivo às 23:44
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4 comentários:
De Aristides a 20 de Junho de 2007 às 12:28
É claro que os sindicatos, pela sua função e pelo seu posicionamento de classe estão sempre debaixo de críticas, muitas vezes violentas, muitas vezes injustas. Outra estratégia para atacar os sindicatos é denegrir a sua imagem. Bom, se a luta de classes existe, não seriam os sindicatos a livrarem-se dos ataques do capital. Só que, muitas vezes, estas campanhas também convencem os próprios trabalhadores a quem são, obviamente, dirigidas. O patronato e o capital não brincam em serviço.
Também é certo que alguns sindicatos não fazem as coisas da melhor maneira. Mas, como dizes, estamos a falar de pessoas e as pessoas erram.
A conclusão é que, por mais erros que cometam, fazem muita falta e ainda bem que existem. Infelizmente, têm cada vez mais razões para existir.
Quem fica contente com a perde de prestígio e de poder dos sindicatos, todos sabemos quem é. Como era bom para o patronato e o governo que não houvesse sindicatos e só houvesse confederações patronais para nos fazer estudos sobre aeroportos!


De Hertz a 20 de Junho de 2007 às 16:23
Em todas as classes,há sempre quem se aproveite da luta e do trablho dos outros,sem mexer uma palha,depois... abaixo citando:
Os homens lutam pela liberdade e conquistam-na com grande dificuldade; os filhos, criados tranquilamente, deixam-na escapar novamente; e os netos voltam a ser escravos.

Eça de Queirós


De luis a 22 de Junho de 2007 às 19:49
caro amigo, vejo que tem interesse pelos assuntos relacionados com a função publica e com a gestão do nosso país. Assim sendo deixo-lhe o seguinte desafio e pergunta: Criei recentemente um website http://www.espacofuncaopublica.com . este website é um espaço para dar voz aos funcionários publicos e e a quem se interessar pelo nosso amado pais, para que tenham um espaço para debater as suas questões. No site existe um forum de discussão. Até ao momento muito poucos membros se registaram e houve até um dirigente sindical da função publica que me disse que esta era uma classe completamente resignada e que apesar do website ser muito importante para os interesses dos funcionários publicos seriam muito poucos os que viriam a intervir no forum. Confesso-lhe que começo a acreditar e estou perplexo. Como é possivel que uma classe tão atacada, nem para se organizar e defender faça nada? Convido-a a visitar o meu website que pode ver em http://www.espacofuncaopublica.com .
escolhe muito bem os seus temas e por isso seria de enorme valor para mim , para si e para a sua classe, ter um membro activo como você. Sugira um quadro de discussão e dar-lhe-ei poderes de moderador. Convide outros colegas também.
Por favor envie-me um email dizendo-me alguma coisa sobre este assunto nem que seja para dizer que o projecto não vale a pena.
Aguardo, Um grande abraço.


De vermelho vivo a 25 de Junho de 2007 às 19:01
Caro Luís, em primeiro lugar devo esclarecer que não sou funcionário público nem tenho nenhuma ligação com a função pública profissionalmente.

As opiniões que vou escrevendo prendem-se com a importância do serviço público. O serviço público é um direito e um bem essencial no apoio aos cidadãos. Como tal, penso que é defendendo-o e reestrurando-o com objectividade conferindo-lhe maior eficiência e capacidade de servir os cidadãos que se deve actuar.

O que nós vemos são grandes ofensivas sobre os funcionários públicos mas que apenas visam a destruição de serviços essenciais às classes mais desfavorecidas.
É contra esta politica que me insurjo. Sou cidadão e utente dos serviços públicos, por isso sinto o que o governo está a fazer. Como sentirão milhares de portugueses quando perceberem que afinal a ofensiva contra os funcionários públicos serviu apenas para terem menos e pior serviço público e empurrá-los para os serviços privados com custos mais elevados e implicando mais sacrificios.
Olhem-se os resultados dos exames do 6.º ano com a mais alta taxa de negativas de sempre, recue-se 2 anos atrás, quando os sindicatos ou o PCP disseram que as medidas implementadas pelo ministério da educação iriam forçosamente e principalmente prejudicar os alunos. Onde está a razão?
Podiamos ir por aí adiante e escrever um sem número de páginas sobre os prejuízos causados pelas politicas deste governo nos vários sectores do serviço público. Estes prejuizos sentir-se-ão cada vez mais e beneficiarão cada vez mais os interesses privados.
Estes figurões que se dizem socialistas tem como objectivo a desresponsabilização do estado nos direitos essenciais dos cidadãos e para isso intoxicam a opinião pública com a incompetência, o mau profissionalismo, o desleixo, etc. dos funcionários públicos. Não reconhecem nem dizem é que os imcompetentes e obreiros do mau serviço público que possamos ter são os amigos e familiares nomeados para cargos de chefia nesse mesmo serviço público. E quando se enche a boca com a necessidade de avaliação dos funcionários públicos, é preciso dizer que essa avaliação já existe em várias formas através de concurso para admissão, através de notas de final de ano como acontece por exemplo as auxiliares de educação, etc.
E aqui põe-se a grande questão:
quem avalia os avaliadores??? Quem avalia os nomeados???
Penso que como em todas as profissões, existem muito bons, bons, medianos e maus. Sou a favor da depuração dos maus funcionários públicos. Mas os factos demonstram claramente que não é isso que está em discussão. Além disso, como em qualquer profissão é necessário condições e estabilidade para se exercer as funções exigidas com aptidão.
Além disso o governo ataca os funcionários públicos e depois aplica as medidas aos trabalhadores do sector privado também.
Defendo os sindicatos porque no meio desta selvajaria que nos é imposta pelo capitalismo, os sindicatos são o mais importante instrumento de defesa dos trabalhadores. Só quando os trabalhadores perceberem que tem de estar unidos, que o sindicato é o seu legitimo representante e por isso devem apoiar e participar nas suas decisões é que as leis laborais podem mudar.
Esclareço que coloco aqui a resposta porque não encontrei o endereço electrónico a que devia responder.
Informo que sou trabalhador por conta de outrém (privado) como tal, é após 8 horas de trabalho que vou andando pela blogosfera. O tempo... não dá para mais do que aquilo que vou fazendo.
Embora agradeça o convite e as palavras que me dirige, não vou poder aceitar.
No entanto vou registar-me no seu forum e sempre possa passarei por lá para dar a minha opinião
Por fim e para terminar, que isto já vai longo, citando a sua frase: Como é possivel que uma classe tão atacada, nem para se organizar e defender faça nada?
Felicito-o pela tentativa de discussão através do forum. Embora seja de opinião que essa organização e defesa deve ser feita mais no terreno, pois é no terreno que a realidade acontece. Nesse aspecto parece-me que os funcionários públicos têm desenvolvido uma importante e interessante luta em sua defesa.
Desejo-lhe felicidades para o projecto, pois da discussão sai muitas vezes a luz e vale sempre a pena promover-mos o debate e a cidadania.

Um grande abraço,
Rogério


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