A falta de tempo disponível para a necessária confirmação de alguns factos através do recurso a alguns arquivos e à estante dos livros, tal como a vontade de escrever sobre outros assuntos, provocaram um interregno nos “post’s” dedicados ao maquiavélico plano de destruição da República Federativa da Jugoslávia.
A auto-proclamação de indepêndência do Kosovo não só é inseparável deste plano, como é uma parte desse mesmo plano.
Assim, o tema ainda não terminou. Ao Kosovo propriamente e ao UCK, lá chegaremos. Por agora, retomo os textos sobre o percurso percorrido até aí.
Logo após a auto-proclamação de independência da Croácia e Eslovénia, o Parlamento bósnio declara a Bósnia-Herzegóvina um estado independente. Os sérvios desta região não aceitam a decisão e recusam-se a integrar este estado independente.
Os representantes sérvios no Parlamento anunciam a intenção de permanecer na Jugoslávia ou em alternativa, pertencerem à um estado Sérvio, que incluiria a própria Sérvia, além de porções da Bósnia-Herzegóvina e da Croácia.
Tal como Franco Tudjman na Croácia, também Alija Izetbegovic na Bósnia, não é flor que se cheire e não deixa dúvidas sobre as suas ideias fundamentalistas quando em plena campanha eleitoral publica a sua “Declaração Islâmica”. Nessa declaração pode ler-se o seguinte:
«Não existe paz nem coexistência entre a religião islâmica e as instituições sociais e políticas não islâmicas».
Izetbegovic, instaurou na Bósnia um regime corrupto e mafioso que se sustentava através do lucrativo mercado negro e no desvio da ajuda internacional. Com a benção dos EUA levou para a Bósnia milhares de mercenários islamitas, como descreverei mais adiante.
Em 1992, e com a guerra da Croácia ainda em curso, deflagra a guerra da Bósnia.
Mais uma vez, a responsabilidade é atribuída exclusivamente aos sérvios e a Slobodan Milosevic.
Mais uma vez, a versão oficial da história sonega uma parte importante dos acontecimentos e as ingerências estrangeiras no conflito.
A Croácia, inicialmente concorda e apoia a criação de um estado independente Bósnio.
Poucos meses depois, as pretensões expansionistas croatas levam Tudjman a mudar de opinião. A Croácia reivindica uma parte do território bósnio habitado por croatas e o exército croata entra na Bósnia e no conflito. O objectivo é consumar a anexação à Croácia desses mesmos territórios.
Com a consolidação das suas posições na Bósnia, os croatas, passam também a combater os sérvios da Bósnia ao lado das forças muçulmanas de Alija Izetbegovic. Tentavam assim derrotar as forças sérvias através de duas frentes, pois os combates com os sérvios na Crácia continuavam.
Os EUA e a NATO, impõem um bloqueio marítimo à Jugoslávia estrangulando ainda mais a economia e a sociedade da Sérvia e Montenegro.
Os EUA, jogavam cartas importantes por cima e por baixo da mesa.
Entre 1992 e 1994, os EUA criaram 3 delegações de alto nível que tinham como missão pressionar Belgrado a alinhar com a política americana para os Balcãs. Estas intenções sairam frustradas porque a Jugoslávia nunca aceitou as pressões americanas e não abdicou de ser dona da sua soberania. A Jugoslávia negava-se terminantemente a que o Ocidente lhe impusesse o seu modelo tal como a sua entrada na NATO.
Isto era especialmente grave porque se tratava de uma região geo-estratégica importante para a passagem das vias energéticas da Ásia Central e porque possuía importantes recursos minerais.
Enquanto se exerciam estas pressões, os americanos através da CIA, com a ajuda dos serviços secretos paquistaneses e grupos islamitas controlados pela CIA, apoiavam fortemente o Exército Muculmano da Bósnia na desestabilização da região e na luta contra os sérvios.
Segundo um relatório governamental holandês, os EUA desrespeitando os acordos das Nações Unidas e violando o embargo do seu Conselho de Segurança à venda de armas a qualquer grupo armado no conflito da Jugoslávia, formaram uma rede secreta de venda de armas através da Croácia e utilizaram os islamitas para armar os muçulmanos da Bósnia.
Através desta rede, o Irão com a benção dos EUA, fazia chegar até aos muçulmanos da Bósnia grandes quantidades de material militar como foguetes de 107 e 122 mm fabricados pela China ou lança-foguetes VBR-230 fabricados pelo Irão, além de outras munições.
Curiosamente, estas operacões encobertas dos serviços secretos americanos na Bósnia, estão documentadas num extenso relatório do Congresso americano elaborado pela Comissão do Partido Republicano e publicado em 1997. Este relatório, acusa a administração Clinton de ser cúmplice na entrega de armas iranianas ao governo muçulmano de Sarajevo e ter ajudado a converter a Bósnia numa base militante islâmica, colocando inclusive sob ameaça a missão da SFOR.
Mas nem só de armamento e financiamento se fez o envolvimento americano na guerra da Bósnia. A CIA havia recrutados inúmeros muçulmanos para lutar contra os soviéticos no Afeganistão que estavam agora praticamente sem ocupação. Com ordenados de cerca de 3.000 dólares por mês, estes combatentes foram deslocados para a Bósnia onde foram juntar-se ao exército muçulmano.
Um relatório publicado em outubro de 1994, pela International Media Corporation Defense and Strategy Policy, sediada em Londres, relata que houve mesmo um grande fluxo de mujahedins afegãos para a Bósnia neste ano. Estes mujahedins eram transportados de forma encoberta para Ploce na Croácia. Aqui adquiriam documentação falsa e viajavam depois para Kupres, Zenica e Banja Luka na Bósnia onde se juntavam às forças bósnio-muçulmanas.
A mesma fonte informava que os mujahedins chegavam a Ploce (Croácia), acompanhados por forças especiais americanas equipadas com meios de comunicação de alta tecnologia. A missão destas forças especiais era establecer uma rede de comando, controle e comunicações para coordenar e apoiar a ofensiva bósnio-muçulmana em coordenação com os mujahedins e as forças bósnio-croatas nas regiões citadas.
Ironia das ironias, muitos destes “amigos” de então, viriam mais tarde a ser os principais “inimigos” públicos dos EUA. Bin Laden, que chegou mesmo a deslocar-se a Sarajevo no ínicio do conflito, foi quem recrutou e treinou com o apoio da CIA muitos dos mercenários muçulmanos deslocados para combater ao lado das forças bósnio-muçulmanas. Al Zawahiri, braço direito de Bin Laden, era no início dos anos 90 o chefe de operações da rede islamita na Bósnia. Dos sete principais terroristas culpados do 11 de Setembro, pelo menos quatro – Al Hazmi, Al Midhar, sheik Mohamed e Binalschib – combateram na Bósnia contra os Sérvios.
Mais um exemplo das alianças contra-natura americanas. Depois o feitiço acaba sempre por virar-se contra o feiticeiro.
Este "post" é a continuação de: "A verdade oficial e a verdade oculta(I)"; "O expansionismo alemão e a Jugoslávia"; "O estado fantoche"
a referência
...
informação
...
...
...
...
sindical
...
biblioteca
...
desportiva
...
cinéfila
...
outros sitios
...
o meu partido
...
vizinhos
...
da minha cidade
...
...
...
companheiros de luta
...
blogosfera
...
solidariedade