Este é um episódio ocorrido já há uns tempos. Na altura escrevi sobre ele este texto que, tal como muitos outros, ficou pela gaveta. Hoje apeteceu-me publicá-lo, saudando o regresso de um grande amigo que por força de «motivos imprevistos» esteve ausente durante uns dias. Porque... também há reencontros assim, que nos deixam muito mais felizes.
Os diálogos contêm algum vernáculo mas, como foi assim dito, também foi assim escrito.
Há dias assim. Dias que nos deixam mais felizes.
Ontem, enquanto estava numa empresa à espera da minha vez para carregar, apareceu um dos trabalhadores da empresa que em tom de brincadeira disparou para os outros:
“Foda-se, isto não anda? Aqui não se trabalha?”
Logo outro, também em tom de brincadeira ripostou:
“Faltas aqui tu...”
Entre sorrisos e num ambiente próprio de trabalhadores, o primeiro dispara novamente:
“Pois falto! Sabes que eu sou um trabalhador do caralho! E sou benfiquista, e sou Comunista... e sou com’ó aço!”
Claro que esta resposta me chamou a atenção e meti também a minha farpa:
“Ora bem, aqui está um verdadeiro trabalhador! Lá ser benfiquista... Não é grande coisa. Mas ser Comunista é sinal que sabe qual é o seu lado da barricada. Pois claro, camarada!”
Entre os cinco ou seis trabalhadores presentes, um deles olhou para mim e naquele tom de quem pensa “olha-me este também”, perguntou:
“Você também é comunista?”
Resposta sem hesitações:
“Sou sim senhor! Eu também sei perfeitamente qual é o meu lado da barricada.”
Palavra puxa palavra, e eu que tenho sempre o cartão de militante do PCP junto com os meus documentos, tirei o BI e o cartão de militante e em tom fraterno disse-lhe:
“O pá, estás a ver, isto é a minha identidade. Andam sempre os dois juntinhos porque ser militante comunista também é uma identidade. Quando me pedem a identificação, tenho que mostrar os dois. Sou Português e sou Comunista.”
O meu camarada que tinha iniciado a conversa, tomou imediatamente conta do diálogo:
“Tais a ver! Tais a ver?! Em todo o lado aparecem dos bons. É uma identidade sim senhor! Nós comunistas sabemos o que somos e o que queremos da vida. É pena que andem por aí muitos trabalhadores que quanto mais "enrabados" são, mais baixam as calças".
E continuou:
"Olha que nós comunistas, somos gajos tesos, pá! E se ainda não conseguimos que este país seja melhor do que é, pelo menos vamos conseguindo que ele não seja tão mau como alguns filhos da puta queriam que fosse.”
Ao que eu apenas comentei:
“Ora. Grandes palavras!”
A conversa lá foi continuando numa mistura curiosa de rivalidade clubística e política.
Concluída a tarefa me tinha lá levado, despedi-me com o circunstancial aperto de mão e um "até amanhã". Mas ao despedir-me do meu camarada, senti um forte aperto de mão e aquelas palavras que pela convicção que exprimem, nos batem com tamanha força no peito que até nos deixam mudos:
“Até amanhã, CAMARADA! E não há de que ter medo! Somos comunistas quer eles gostem ou não!”
Vim pelo caminho a pensar naquele episódio e em como por vezes, de onde menos esperamos acontecem encontros tão bonitos e... Neste orgulho de ser Comunista e camarada deste “gajo teso” e de tantos outros “gajos tesos” que sabem o que são e porque o são! No orgulho de fazer parte deste enorme colectivo onde a alegria, a camaradagem e a amizade caminham lado a lado com a disponibilidade para a luta e com a convicção inabalável de que através dessa luta é possível construir um mundo melhor.
São assim os Comunistas!
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