Depois de quatro dias afastado da rotina, abstraído de quase toda a informação e apenas recarregando as baterias, hoje, de regresso à vida normal vi-me confrontado com uma observação do meu filho, mais ou menos nestes termos: “Fogo pai, tu pareces vidente, aconteceu mesmo o que disseste.”
A razão desta observação é simples e prende-se com uma conversa tida com ele na passada Quarta-feira. É essa conversa que aqui reproduzo para que se perceba como estas coisas são tão óbvias que já não espantam ninguém que esteja minimamente atenta ao que se passa no mundo e às tácticas do imperialismo e do capitalismo e dos seus meios de propaganda.
Perguntava-me ele: “Pai, quem é que achas que vai ganhar as eleições no Irão?”
Respondi-lhe: “o Ahmadinejad. E com larga maioria. Tem um forte apoio popular”
Não convencido, voltou à carga: “não é isso que dizem os jornais e as televisões. Então porque é que eles dizem que não vai ser assim?”
Expliquei-lhe: “É simples. Eles sabem que não estão a noticiar a verdade mas estão a preparar o terreno para o que se vai seguir depois das eleições.
Para já estão a criar a expectativa de que pode acontecer uma vitória da oposição. Depois das eleições em que o Ahmadinejad vai ganhar com larga maioria vão dizer que houve fraude e que as eleições não valem nada. Segue-se aquele circo em que uns milhares de manifestantes vão juntar-se na rua e permitir aos jornais e televisões dizerem e escreverem que existe uma grande contestação popular contra a “suposta” fraude eleitoral e dizerem e escreverem cobras e lagartos do regime ditaturial do Irão. Depois vêm os países europeus e com os Estados Unidos à frente armados em arautos da verdade e da democracia acusar o regime iraniniano de tudo o que for possível e exigir democracia e respeito pela vontade popular.
Olha, vais ver que os mesmos que não permitiram que os cidadãos europeus se pronunciassem em referendo sobre o Tratado de lisboa, ainda vão agora encher a boca com os direitos e a vontade do povo. Espera para veres. Mas para isso é preciso criar as condições ideais. É isso que os jornais e as televisões estão a fazer.
Embora seja triste e lamentável este papel desempenhado pelos jornais e televisões, é o que temos. Se te deres ao trabalho de ler informação independente, facilmente concluirás que Ahmadinejad é muito popular no Irão e que tudo indica ter a vitória garantida.”
Respondeu-me: “vou ver se tens razão...”
Hoje, não se esqueceu da conversa ocorrida e com a observação acima citada, reconheceu que eu estava certo.
Claro que não sou vidente. Apenas aconteceu aquilo era óbvio, a vitória de Ahmadinejad, e o que já estava preparado para acontecer, toda esta campanha e esforço vizando enfraquecer um presidente e um regime que o ocidente não quer. Estas táticas são tão velhas e tão óbvias que já só enganam os distraídos e os cegos, não os que não vêm mas aqueles que teimam em não ver.
Assim, mesmo acontecendo o previsto, não deixa de saltar à vista de qualquer pessoa uma outra curiosidade.
A comunicação social refere-se à contestação de uns milhares de iranianos, que diga-se em abono da verdade apenas acontecem na capital Teerão, como uma contestação generalizada. Ora vamos lá ser sérios, mesmo que fossem alguns 100.000 - e não são! A TSF noticiava no noticiário das 19,00 horas, cerca de 10.000 manifestantes. O Irão tem uma população de cerca de 70 milhões de habitantes.
Ora, os mesmos órgãos de comunicação social, os mesmos “jornaleiros” e os mesmos analistas que agoram tanto valorizam esta contestação de menos que 0,1% da população e que acham que isto reflete a insatisfação e a razão dos iraninianos, são exactamente os mesmos que já haviam valorizado a contestação de meia dúzia de estudantes previligiados na Venezuela porque os seus previlégios estavam em risco e que por isso até já punham em causa o governo legítimo de Hugo Chavez, eleito democráticamente pelo povo.
São exactamente os mesmos que desvalorizaram e silenciaram de todas as formas possiveis as manifestações ocorridas em Portugal com 100.000, 150.000 e 200.000 portugueses, organizadas pela CGTP-IN contra as políticas deste governo.
São exactamente os mesmos que desvalorizaram e silenciaram de todas as formas possiveis as manifestações ocorridas em Portugal com 50.000 portugueses, organizada pelo PCP, exigindo garantias de liberdade e mais democracia, e 85.000 portugueses, organizada pela CDU, exigindo uma mudança de rumo e uma ruptura com as políticas deste governo PS/Sócrates. Sendo que tudo isto se passou Portugal, um país com cerca de 10 milhões de habitantes. Façamos a proporcionalidade e tiremos as devidas ilações.
Esta contradição dos órgãos de comunicação social ao serviço do poder dominante é demasido evidente para que possamos acreditar na veracidade de qualquer notícia por eles difundida.
Mas que eles vão cumprindo na perfeição o seu papel de desinformação, isso é inquestionável.
a referência
...
informação
...
...
...
...
sindical
...
biblioteca
...
desportiva
...
cinéfila
...
outros sitios
...
o meu partido
...
vizinhos
...
da minha cidade
...
...
...
companheiros de luta
...
blogosfera
...
solidariedade