"Quem luta, nem sempre ganha, mas quem não luta, perde sempre!"

 
Quarta-feira, 19 de Setembro de 2007
Entre o show-off e a realidade

O começo do ano lectivo escolar foi marcado por uma operação mediática governamental sem precedentes, quer a nível nacional ou internacional. Nada mais nada menos que 13 Secretários de Estado, 7 Ministros e ainda... o Primeiro-Ministro estiveram envolvidos no show-off com uma grande e indispensável cobertura dos média que se encarregaram de difundir e levar até aos portugueses a operação de propaganda.

Era vê-los todos sorridentes e triunfantes a entregar computadores a professores e a alunos, a elogiar as melhorias - só vistas por eles - decorrentes das medidas deste governo relativamente à educação, enfim... Graças a eles, a elevação dos padrões de qualidade na educação deste país são um facto consumado.

Mas uma coisa é o show mediático em que este governo é um expert, outra bem diferente é a realidade presente e decorrente das medidas deste governo.
 

A DECO, entidade insuspeita, revela um relatório que diz isto:

“Uma em cada três escolas tem placas de fibrocimento com amianto e cinco em quatro têm problemas de aquecimento e má qualidade do ar, conclui um estudo da Pro Teste, ontem divulgado. E sublinha: "as escolas são frias, húmidas, têm pouca iluminação e ar de má qualidade".

Os técnicos daquela revista da Deco entraram em 40 salas de 20 escolas do 1. º ao 3.º ciclos e 80% chumbaram ao nível do aquecimento e da da qualidade do ar. Verificaram, ainda, existirem problemas de construção e conservação dos edifícios, "mas o mais grave, dizem, foi perceber a presença de amianto em sete dos 20 estabelecimentos...”
"Tudo isto, depois de a Assembleia da República ter recomendado, em 2003, o inventário dos edifícios públicos com amianto e a substituição deste material que pode libertar fibras cancerígenas", protesta a associação de consumidores.

A EB1 Elias Garcia tem amianto e é a segunda pior classificada em termos de desconforto térmico, isto apesar de ser recente. "Foi construída em 1997 e todos os anos temos rupturas nas canalizações. A construção é má e não foram utilizados materiais de qualidade porque a adjudicação é feita segundo o orçamento mais baixo. Tivemos que comprar os aquecedores e as contas de electricidade são elevadíssimas", diz José Santos, presidente do conselho executivo.

"Alunos e professores sentem-se desconfortáveis em 16 das 20 escolas estudadas, devido ao excesso de humidade do ar e às baixas temperaturas, ambos decorrentes de problemas nos edifícios", escrevem os técnicos da revista da Deco, depois de verificarem as condições dos imóveis no Inverno.

"Detectámos temperaturas baixas em muitas escolas, problemas de humidade e quase todas as amostras estavam contaminadas com bactérias acima das referências legais, tanto em edifícios antigos, como recentes", diz Fátima Ramos, da Pro Teste.

Encontraram microrganismos, dióxidos de carbono e fungos, o que "aumenta o risco de alergias e problemas respiratórios". E chamam a atenção para a necessidade de haver uma melhor ventilação dos espaços que concentram crianças, um grupo etário mais sensível a contrair doenças respiratórias.

A EB da Lousada, no Porto, construída em 1981, registou o grau mais elevado de insatisfação, 78%, o que foi confirmado pelas baixas temperaturas e grau de humidade registadas. A escola tem 971 alunos que, no Inverno, suportam temperaturas de 8º graus e, quando chega o Verão, atingem os 38 graus. "Os meninos e os professores queixam-se muito do frio, porque não temos aquecimento. A escola está muito degradada e superlotada", lamenta Celeste Freitas, vice-presidente do executivo, acrescentando que não têm meios para custear o aquecimento.”

 

Mais um exemplo noticiado pelo “Portugal Diário”:

Na escola Filipa de Lencastre, em Lisboa, a cantina foi fechada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Há salas com buracos no tecto, por onde chove, janelas partidas, o quadro eléctrico não é seguro e o pátio está impróprio.
 

Mas não fiquemos por aqui!

Aqui bem perto, em Famalicão, a escola básica de Santa Ana, frequentada por 320 alunos, foi encerrada esta terça-feira, num protesto dos pais contra a falta de funcionários, onde acusam a DREN de «incompetência». Em declarações à imprensa, o presidente da Associação de Pais, justifica o protesto: a escola tem três funcionários no quadro, dos quais dois encontram-se de baixa, um por doença prolongada, o que deixa as crianças sem qualquer vigilância, dado que a única auxiliar de educação apenas começa a trabalhar às 10h30.
Há várias crianças, que chegam antes das 8h00, que ficam à porta da escola numa das artérias mais movimentadas de Ribeirão, o que é um perigo.
Os pais acusam a DREN de «indiferença e inoperância» face ao problema, frisando que o organismo estatal foi avisado há meses do problema.
Por seu lado, o vereador da Câmara de Famalicão, Leonel Rocha, revelou que apesar de discordar com o método usado pelos pais para o protesto, compreende as suas razões.
Disse também que «as autoridades escolares foram avisadas há meses sobre o problema, em reunião realizada no Conselho Municipal de Educação».
  

Mas continuemos com uma notícia da TVI:

A indignação marcou também o início do ano escolar na Escola Básica de Cruzes, em Felgueiras. 17 alunos do primeiro ano, não viram constituída uma turma para e vão ser espalhados pelas restantes classes.
Das 41 crianças que entram no primeiro ano, só 24 é que tiveram direito à constituição de uma turma. As outras 17 vão ter aulas em conjunto com os colegas dos 2º, 3º e 4º anos.
Os pais temem pela qualidade do ensino e não aceitam que 17 crianças sejam espalhadas pelas turmas dos outros anos, em vez terem aulas numa turma só para elas. Segundo informação da TVI o Conselho Directivo da Escola pediu à direcção Regional de Educação do Norte (DREN) a formação de mais uma turma, mas que a proposta foi rejeitada.
Ainda segundo a TVI, a DREN não quis dar qualquer explicação para o caso, afirmando que a Directora estava ocupada com o início do ano escolar.
Até ao momento ninguém se mostrou disponível para esclarecer a decisão.
 

Outro caso noticiado:

Os pais de 21 alunos de uma turma do 4º ano da Escola Primária Serra da Estrela, em Nelas, recusaram-se hoje a deixar os seus filhos numa escola provisória, que dizem "não reunir condições de segurança".
Acompanhados pelos pais, permaneceram junto aos muros do estabelecimento "em gesto de protesto", em vez de seguirem para o cine-teatro de Nelas, onde foram adaptadas duas salas que acolheriam provisoriamente duas turmas — uma de 14 e outra de 21 alunos.

"Toda esta situação revela incapacidade ou incompetência na gestão dos recursos escolares", acusou Fernando Garcia, pai de outro aluno.

Enfim...podiamos continuar por ai fora.

 

Isto para dizer (e argumentar com os factos indesmentiveis acima mencionados) o seguinte:

A realidade, é que após medidas e mais medidas adoptadas pelo Ministério da Educação, o ensino em Portugal não só não apresenta resultados positivos como está hoje mais degradado e em pior estado do que estava anteriormente.

Este governo PS/Sócrates, que faz da governação de portugal um espectáculo de marketing e show-off, e que ocupou o seu tempo a propagandear a oferta de computadores, devia preocupar-se mais com os verdadeiros problemas que afligem o país, os pais, os professores e os alunos e menos com, a necessidade de ocultar a sua incompetência e o descalabro do desmantelamento do ensino público (tal como de todos os outros serviços públicos de apoio ao cidadão).

 

Termino citando um excerto do artigo de opinião semanal de Honório Novo no JN do dia 17 deste mês:

«O que ninguém viu foi Sócrates e Lurdes Rodrigues a entregar computadores e a abrir o ano lectivo em escolas inseridas em áreas e bairros problemáticos, com edifícios cinzentos de humidade e apoios miseráveis para alunos cuja origem social só por milagre lhes permite almejar a tão falada igualdade de oportunidades?

 

O que ninguém ouviu foi Lurdes Rodrigues explicar porque é que este ano mudou as regras do mais recente concurso de professores, exactamente no dia em que a lista das colocações foi afixada!

 

O que ninguém ouviu foi Sócrates explicar a "nova teoria pedagógica" que exulta com o aumento do número de alunos e a diminuição do número de professores!



publicado por vermelho vivo às 23:32
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2 comentários:
De José Carrancudo a 21 de Setembro de 2007 às 15:50
O maior problema da nossa educação escolar, é que a própria viabilidade do sistema educativo foi sacrificada ao fundamentalismo ideológico esquerdista.

Precisamos de mudar o paradigma do nosso sistema de ensino (http://educacao-em-portugal.blogspot.com/2007/08/ensino-escolar-metas-e-medidas.html), fatalmente viciado pelas ideologias "democratizantes" do "Movimento da escola moderna em Portugal" e organizações semelhantes, apoiados pelos sucessivos "ministérios de educação" incompetentes.


De POESIA-NO-POPULAR a 30 de Setembro de 2007 às 19:49
Meu caro José Carrancudo.
Quero dizer-lhe em primeiro lugar que: O meu gru de instrução, resume-se à 4ªclasse feita em 1953.
Em segundo lugar irei procurar o endereço para onde nos remete, e na base do qual se fundamenta a sua argumentação, antes porem gotaria de lhe fazer uma observação, sobre as suas duas frases(o sistema foi sacrificado ao fundamentalismo iidiológico esquerdista) e a outra que mais me chocou (fatalmenteviciado pelas idiologias democratizantes)
Por favor diga-me...Até 25 de Abril de 1974, que tipo de idiologia ou fundamentalismo nos era ministrado?
Não necessita mandar-me o endeço, eu tenho-o sempre presente.
josé Manangão


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